terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Perestroika Climática

O dia de hoje ficará como um dia marcante no estudo climático. Lá fora, o Met Office disponibilizou um subconjunto dos dados das temperaturas globais que constituem o HadCRUT3. Foram disponibilizados dados de mais de 1500 estações terrestres, das quais existem pelo menos sete relativas a Portugal (Horta, Santa Maria A, Funchal, Porto Santo A, Lisboa, Faro/Aeroporto, Bragança). Algo me diz que a maioria delas serão relativas a dados recolhidos em aeroportos, que têm problemas bastante conhecidos. E as FAQ publicadas na mesma página, só complicam a compreensão desta medida:
  • Are the data that you are providing the “value-added” or the “underlying” data?
    The data that we are providing is the database used to produce the global temperature series. Some of these data are the original underlying observations and some are observations adjusted to account for non climatic influences, for example changes in observations methods.
  • Who is ultimately responsible for the land data record?
    The University of East Anglia’s Climatic Research Unit has the responsibility for the land climate data portion of HadCRUT.
  • Why is this responsibility with the UEA/CRU and not the Met Office Hadley Centre?
    During the 1980s the UEA/CRU was funded, primarily by the United States ‘Department of Energy’, to collate a global land temperature record. Since then they have undertaken several major updates to the record increasing station density and time series completeness. This is why the UEA/CRU owns the primary IPR (Intellectual Property Rights) for the land climate records.

A divulgação destes dados vai trazer conclusões certamente interessantes, como a que foi abordada relativamente a dados de uma estação específica, neste caso de Darwin, na Austrália. A leitura do artigo que esmiuça a coisa não é recomendável a alarmistas, tal é a quantidade de "pancadas" que é preciso dar, para levar dados de uma estação que diz que as temperaturas dos últimos 130 anos tiveram uma tendência decrescente, a inverter essa tendência real!

Mas cá pelo burgo, o Instituto de Meteorologia fez chegar aos Media, a notícia de que as temperaturas em Portugal aumentaram 1.2 graus desde 1930. Como tinha dúvidas se a Perstroika já tinha chegado a Portugal, coloquei as seguintes questões num fórum pelo qual, até hoje, tive alguma consideração:
Alguém sabe que estudo foi feito sobre esta matéria? Os dados são públicos? O estudo foi peer-reviewed?

A resposta de um dos administradores do fórum não se fez esperar:
Há certos trolls que cada dia que passa, não obstante dedicarem imensa e dedicada escrita ao assunto clima, mas cada dia que passa mais me convenço que certas pessoas nunca tenham sequer olhado para uma normal, se calhar nem sabem o que significa, se calhar nem sabem o que é uma média ou uma anomalia. É este o ponto a que o circo chegou.

Não há dúvidas que muito há a fazer pela ciência! Pessoas que não conhecem ou não querem conhecer sequer as bases do método científico, aventuram-se pela crítica fácil, ataques ad hominem, não concretizados ou assumidos, com tentativas vagas de justificação de malcriadice.

Mas isto é apenas o princípio da Perestroika!