quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Purdeys da treta

Estou farto disto! Estou farto desta política cobarde, de desculpas que não sabia que era para publicidade, etc, etc! Mas, e então o que faz a BBDO? Será uma seita, será?

Claro que me estou a referir ao mais recente escândalo, do nosso poeta do BPP. Esqueçamos que ele recebeu, e depois devolveu o dinheiro. Esqueçamos as desculpas... Atentemos no texto. Espero que ninguém tenha investido no Retorno Absoluto, baseado neste texto... O Ecotretas disponibiliza o texto completo escrito por Manuel Alegre, transcrito a partir da imagem ao lado, obtida aqui. E que tem a ver isto com o Ecotretas? Vejam os realces, da minha resposabilidade, e vejam se entendem:

 Fui às compras com o Dinheiro, porque esse, ao menos, sabe fazer contas. Passei por uma espingardaria, vi um par de Purdeys muito bonitas, essas armas que há muito são o meu sonho. Outros querem carros e jipes de grandes marcas, casas de campo e de praia, mais isto e mais aquilo, eu só queria um par de espingardas Purdey. Olhámos o preço, o Dinheiro torceu o nariz1.
 - O vencimento de deputado é uma pelintrice, se não dava para os charutos do outro, como é que queres que dê para as Purdeys?
 E fazendo contas de cabeça, acrescentou: Nem sequer com os direitos de autor.
 Confesso que me senti injustiçado e a revolta anticapitalista voltou a ferver dentro de mim. Então o Dinheiro tentou fazer pedagogia: Não tens razão, as coisas são mesmo assim, o dinheiro está onde deve estar ou vai a caminho, disse António Champalimaud, naquela que é, sem dúvida, a melhor definição do Capitalismo, melhor mesmo que toda a prosa de Adam Smith ou Karl Marx. Ora nem o capital está onde tu estás, nem na verdade o vês vir a caminho. A cada um segundo a sua vocação2.
 Então lembrei-me de meu pai, um esteta do desprendimento, que costumava dizer, citando Pitigtilli: O dinheiro não faz a felicidade, principalmente quando é pouco.
 Pensei, também, na velha pergunta de Elsenor e quis saber se o Dinheiro achava que o ser ou não ser tem alguma coisa a ver com o ter ou não ter.
 - Não terá nada a ver com o ter ou não ter para um par de Purdeys, mas tem com certeza com ter ou não ter para sapatos, pão, casa, etc., perorou o Dinheiro, deixando-me surpreendido com a dimensão social, para não dizer, socialista, da sua resposta. Achei até que havia um certo tom de crítica ao meu desejo de ter um par de Purdeys. E fiquei na dúvida se o Dinheiro não estaria ele próprio contaminado, quer pela doutrina social da Igreja, quer por algumas reminiscências de Marx, se não do "Capital", que só o Louçã deve ter lido até ao fim, talvez, quem sabe, dos "Manuscritos de 1844", que falam também da alienação do capitalista.
 - Quanto mais tem, menos é, citei eu, de memória3 para atazanar o Dinheiro.
 Mas ele riu.
 Tretas. O velho enganou-se. Qual alienação qual carapuça. Abre os olhos, rapaz, olha para o mundo à tua volta, o capitalismo ganhou, quem é e quem pode é quem tem.
 Resolvi então provocá-lo com a repugnância que o General De Gaulle, que não era propriamente um comunista, tinha pelo dinheiro.
 -Nem sequer lhe tocava, o seu barbeiro conta que ele lhe entregava a quantia devida dentro de um envelope, não queria sujar as mãos a mexer em notas ou moedas.
 -Presunção de um aristocrata que gostava do poder e se julgava o salvador de França, uma espécie de reencarnação masculina de Joana d'Arc, comentou o Dinheiro, visivelmente incomodado. E sem conseguir conter-se:
 -Mas o futuro já não passa por Colombey-les-Deux-Eglises, a França não pode com uma gata pelo rabo, o futuro está na América.
 -Julguei que o capital não tinha pátria4.
 - A tua colega Natália Correia dizia que o dinheiro é um mistério, retorquiu enigmaticamente.
 - Como a poesia.
 - Mais ou menos, só que a poesia não dá para o que tu sabes.
 E apontou, o filho da mãe, as duas Purdeys, que mais uma vez ficaram no tinteiro5.

1) Como é tantas vezes o seu hábito. De resto, poucos são os hábitos do dinheiro que o BANCO PRIVADO PORTUGUÊS não conhece, uma vez que é dele, e só dele, que trata.
2) Uma clara referência ao BANCO PRIVADO PORTUGUÊS, único banco em Portugal vocacionado em exclusivo para o PRIVATE BANKING, entendendo esta actividade como GLOBAL WEALTH MANAGEMENT, que abarca a gestão patrimonial como um todo (activos financeiros, imobiliário, aconselhamento fiscal, arte, etc.) o qual complementa com o PRIVATE EQUITY e o CORPORATE ADVISORY.
3) Uma amarga recordação de alguém que, ao contrário dos nossos clientes, não conhece a ESTRATÉGIA DE RETORNO ABSOLUTO, que não só permite a conservação do património investido, como ainda oferece valorizações reais e potenciais muito competitivas.
4) É também um pouco assim que o BANCO PRIVADO PORTUGUÊS o vê. É essa a razão que nos leva, em qualquer mercado, a actuar com independência em relação a quaisquer interesses.
5) Porque de boas intenções está o "tinteiro" cheio, queira o leitor apontar os contactos dos nossos PRIVATE BANKERS: 21 313 7000 (Lisboa), 22 615 3915 (Porto) ou 00 34 912 972 500 (Madrid).