quinta-feira, 26 de maio de 2011

Limite: Dois graus?

O Professor Luiz Carlos Molion elaborou mais um artigo muito interessante. Intitulado "Limite: Dois Graus?", e que reproduzimos abaixo, merece uma atenção especial, sobretudo na analogia que utiliza, e que achei muito interessante, do CO2 dos refrigerantes. A sua referência ao sucesso civilizacional ao longo da História é igualmente uma visão da qual partilho, e que já é familiar dos leitores assíduos do Ecotretas:

"Temos que controlar as emissões de carbono para manter a temperatura do planeta abaixo de 2°C", é a voz corrente, frase dita até pelo Presidente Lula e por muita gente preocupada com o aquecimento global, gente essa que não sabe de onde tal frase surgiu. Sob o ponto de vista da Física do Clima, essa afirmação é absolutamente ridícula! O IPCC criou uma fórmula com base no "ajuste" ("fitting") à curva de crescimento do CO2. A fórmula é

DelF = 5,35 ln (C/Co)   Eq. [1]

onde Del F é a variação da forçante devido ao CO2 (baseada no que se crê que se sabe sobre absorção de radiação infravermelha pelo CO2), dada em W/m2; Co = 280 ppm, é a concentração de CO2 que, assume-se, tenha sido a pré-industrial; ln = logaritmo natural e C= concentração de CO2 futura. A variação de temperatura correspondente (Del T) seria dada por

Del T = const. Del F   Eq. [2]

onde a "constante" seria o parâmetro de sensibilidade climática que, para o IPCC, é const=0,75°C/W/m2, um valor muito alto! Ou seja, para cada 1 W/m2 de radiação infravermelha à superfície, provocada pelo CO2 adicional, a temperatura média global do planeta aumentaria de 0,75°C. Então, basta inverter as contas, adotar o valor de 2°C na Eq. [2], e calcular Del F = 2,656 W/m2 . Entra-se com esse valor na Eq. [1] e obtém-se a nova concentração de CO2, ou seja, C=460 ppm, um aumento de 65%, com relação ao valor pré-industrial (???) e que seria a "concentração limite, o objetivo a ser alcançado" . Como se o clima do planeta fosse tão simples quanto isso, controlado apenas pela concentração de CO2. A concentração de CO2 na atmosfera é controlada basicamente pelos oceanos (Lei de Henry) e depende da temperatura da água. Se essa aumenta, os oceanos emitem mais CO2 para a atmosfera. Esse é o mesmo processo que controla a concentração do CO2 num refrigerante. Se a temperatura do liquido aumenta, ele expulsa o CO2 que está dissolvido e “fica sem gás”. A contribuição humana , 6 bilhões de toneladas de carbono por ano (GtC/a), é muito pequena, desprezível, em face dos fluxos naturais que somam 200GtC/a, ou seja, apenas 3%, contra uma incerteza nos fluxos de 20%!

Quanto mais leio e estudo, mais me convenço que o problema é exclusivamente financeiro-economico e não climático. Não há “crise climática”. É um problema de segurança energética dos países industrializados que já não possuem uma matriz energética própria e dependem da importação, como é o caso da Inglaterra, país de onde provêm a maior parte do terrorismo climático e manipulação de dados. Certamente, o maior problema que a humanidade vai enfrentar num futuro próximo é o aumento populacional, amplificado pelo resfriamento global nos próximos 20 anos. A História mostra que, toda vez que o clima se aqueceu, as civilizações, como Amoritas, Babilônios, Sumérios, Egípcios e Romanos, progrediram. O resfriamento do clima, ao contrário, sempre causou desaparecimento ou retrocesso. Atualmente, um resfriamento global, com geadas severas, tanto antecipadas quanto tardias, seria muito ruim para a agricultura, pois acarretaria frustrações de safras e desabastecimento mundial com a população crescente. O Brasil não seria exceção. No último resfriamento, 1947-1976, o cultivo do café foi erradicado do oeste do Paraná em face das frequentes e severas geadas. É indispensável que o país se prepare para esse período ligeiramente mais frio, de 2010 a 2030.